Quatro décadas após o desaparecimento de Honestino Monteiro Guimarães, a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça apresenta um pedido de desculpas públicas à família do líder estudantil. A cerimônia de anistia post mortem ocorreu no dia 20 de setembro, no Memorial Darcy Ribeiro. A atividade marcou a passagem pela Universidade de Brasília da 73ª Caravana da Anistia, responsável pelo julgamento de processos de perseguidos políticos pelo Estado.
“O gesto [anistia] é o reconhecimento do Estado brasileiro da violação contra um de seus cidadãos”, define o professor Cristiano Paixão, coordenador de relações institucionais da Comissão Anísio Teixeira de Memória e Verdade da UnB. A cerimônia pública atende solicitação formal da filha de Honestino, Juliana Guimarães, à Comissão de Anistia. No entanto, o caso do estudante goiano “continua sendo uma história não esclarecida do período ditatorial, um dado que o Estado continua a dever para o povo brasileiro”, esclarece o professor.
O desaparecimento de Honestino foi uma das mais graves violações ocorridas no período ditatorial, avalia Cristiano Paixão. De acordo com o docente da Faculdade de Direito, o crime de ocultação é o mais repudiado pela comunidade internacional. Honestino foi aluno do curso de Geologia da UnB e militou no movimento estudantil. O acadêmico presidiu a União Nacional dos Estudantes (UNE) e viveu cinco anos clandestinamente, perseguido pelos militares no regime de exceção. Em outubro de 1973, o estudante teria sido seqüestrado no Rio de Janeiro e trazido para Brasília. Somente em março de 1996 o Poder Judiciário do estado do Rio de Janeiro emitiu a certidão de óbito de Honestino.
Texto adaptado de matéria no site da Unb.
73ª Caravana da Anistia
9h - Abertura
10h30 - Sessão de Homenagem aos professores, funcionários e alunos da UnB
11h - Seminário Justiça de Transição, Anistia, Memória e Verdade
14h - Julgamento do caso Honestino Guimarães
Monumento em homenagem à Honestino Guimarães, na Unb.